segunda-feira, 18 de julho de 2011

Doce amargo ácido - segunda parte.

         Eu dizia menino, tente se controlar se quiser ser aceito.
         “Eles que me aceitem que quiserem”, você dizia. “Não devo nada pra ninguém que não me aceite.”
         Menino cheio de princípios e ideais, você era. Você é.
         Seus ideais eram consideráveis, porém sua teimosia teimava em constatar todos os meus passos.
         Olhe pra você no passado, um garotinho de calças surradas blusas manchadas pedaços de couro costurados nos joelhos sardas pra dar e vender sorriso bobo olhos lacrimejantes e afastados o suficiente para você se dar conta de que possuíam um sonho ardente e impossível.
         Olhe para você agora: um poderoso homem de terno e gravata sapatos lustrados mas o olhar, o olhar continua distante embora as sardas e o sorriso bobo tenham substituídos por rugas e olhar severo. Você ainda não realizou realmente seu sonho, isso todos percebem.

3 comentários:

  1. Eu amo esses textos que apresentam um personagem quando não era ninguém ainda, e depois mostra quem é ele agora. Acho que todos nós temos ou vamos ter um pouco desses joelhos feridos da infância, dessas rugas perto dos olhos na velhice. Acho interessante ver no que um personagem se tornou, porque ao conhecer como ele era na infância, descobrimos a maior parte da sua vida, é como se o(a) leitor(a) já o conhecesse. Eu amei essa segunda parte, mesmo.

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Muito obrigada, mesmo. Aspectos muito bem absorvidos. Como sempre você me surpreendendo.

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