sexta-feira, 22 de julho de 2011

Doce amargo ácido - terceira parte

         Acho que essa foi a verdadeira e inevitável bruta causa que afastou, tirou, arrancou, estilhaçou amordaçou e acabou a nossa proximidade. Você se foi. E eu continuo aqui, no mesmo barco. O mesmo barco rumo a qualquer lugar que me lembre você.
            Você não temeu me perder? Você não hesitou em partir?
         E cá estou eu sozinha desolada abandonada es-ti-lha-ça-da traída atirada amordaçada pela esperança que se foi.
         Não creio que você partiu e não creio que não fiz nada para impedir você de tal irracionalidade e repito quantas vezes for preciso ir-ra-ci-o-na-li-da-de, pois me abandonar foi um erro.
         Amar-te foi um erro. Amar-te tanto assim foi um erro.
         Da noite mais chuvosa assombrosa assustadoramente escura e horrenda eu tiro todas as palavras pra te descrever apenas no conforto da lareira, do livro mais doce e da barra mais amarga de chocolate.
         Sua vida foi uma mistura de doce ácido amargo e vai-e-vem de um pro outro, comigo para balancear a quantidade de qualquer um.

5 comentários:

  1. O texto está simplesmente transbordando sentimentos. Ele é absurdamente lindo e nem sei mais o que falar. Parabéns, Jô. <3

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  2. Apesar de ser uma fã incondicional de finais felizes, tenho que admitir que às vezes, os sentimentos temperam uma história "não-tão-feliz" a ponto de surpreender qualquer leitor, até mais do que se as linhas finais decretassem um sorriso eterno no rosto das personagens. E pelo visto, Jordana, a sua receita deu certo.
    Espero que o combinado de doce, ácido e amargo renda muito mais porções. Beijos <3

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  3. Myrlla: Obrigado, Myrlla. Sempre posso contar com você.

    Animarina: Não gosto de finais felizes, eu acho muito irreal. Lembra aquele modelho exposto em novelas com uma linha tênue entre bem e mal. A pessoa é boa e má ao mesmo tempo, não existe essa coisa.

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  4. Eu concordo com você, Jordana. Os finais felizes de novelas são idealizados demais, açucarados demais. Os finais felizes que me referi - e que tanto amo- são aqueles em que as personagens terminam não como o leitor gostaria, mas sim como foi conveniente a elas. Por sua vez, o autor deixa a história pairando na mente do leitor, fazendo-o imaginar mil maneiras de como essa história continuará, mesmo tendo terminado. Sou fascinada por isso.

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  5. Animarina: Exatamente. Das novelas e dos livros com português facilitado que andam brotando como pipoca. Muito bem absorvido, sério.

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